NEGO ALVARO LANÇA CD "CRIA DO SAMBA" COM MUITO SAMBA E SWING




Fonte: Rozangela Silva / Bi & Ro Assessoria de Comunicação
Foto : Lucas Bori 

O CD "Cria do samba", disco que marca a estreia de Nego Alvaro na carreira solo, esbanja vertentes do mais carioca dos gêneros musicais. Tem o clássico samba de roda, onde está a raiz do artista, o dolente, partido alto e até samba-rock. A obra, idealizada por Moacyr Luz, tem produção de Pretinho da Serrinha - que também fez os arrajos nos três sambas-rock do álbum - e reúne expoentes da nossa música, como Carlinhos 7 Cordas, Mart'nália, Sereno e Rildo Hora. Um time de primeira para dar mais brilho ao trabalho de Nego Alvaro, que, aos 27 anos, já é um músico experiente.
Ele começou a tocar profissionalmente aos 15 anos e se acostumou a subir os degraus do mundo da música. Integrante do Samba do Trabalhador e da banda de Beth Carvalho, Alvaro comanda, há quase dois anos, o Mafuá no Quintal, na Zona Norte carioca. Em todos esses palcos, apresenta o talento que mostra em seu primeiro disco solo, seja com os instrumentos de percussão, diante do microfone ou como compositor.
Das 11 faixas do disco, seis têm sua assinatura. E para dar cara ao disco "Cria do samba", Nego Alvaro buscou músicas além de sua roda de parceiros. A faixa 5, "Hino Vira-Lata", é de Emicida, Beatnick e K-Salaam, que o rapper paulista gravou, em 2013, no seu CD "O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui".
A canção explica: "Meu coração 'tá' na mão do ritmista/Do DJ, no pandeiro do repentista/E onde for, meu amor, vão saber/Que ali vai um maloqueiro/Apaixonado por você".
E Nego Alvaro, sob a direção do talento de Pretinho da Serrinha, dá a essa faixa uma dançante pegada de samba-rock. O mesmo acontece com "Extra 2 (O rock do segurança)", de Gilberto Gil, que está na faixa 10 e, originalmente, foi gravada pelo artista baiano no LP "Raça humana", de 1984, quando Alvaro sequer era nascido.
É aquela que canta: "Sei que o senhor é pago pra suspeitar/Mas eu estou acima de qualquer suspeita/Em meu planeta todo o povo me respeita/Sou tratado assim como um paxá"
A música que abre e dá nome ao CD faz parte da vida de Alvaro: "Cria do samba", parceria dele com Moacyr Luz e Mingo Silva, seus colegas de Samba do Trabalhador. É que a canção, que surgiu de ideia de Moacyr, é inspirada em Alvaro, que cresceu em Bangu, no subúrbio carioca. Diz a letra: Eu sou cria do samba/E sou subúrbio às “pampa”, sim/Da domingueira, andar descalço, chinfrim/Zé Pereira, sou baticum, butiquim/Abrideira, meu santo cuida de mim".
Ela faz parte do disco "Moacyr Luz & Samba do Trabalhador - dez anos e outros sambas", de 2015. E nesta gravação, é cantada apenas por Alvaro. No disco "Cria do Samba", Alvaro divide a faixa com Moacyr Luz. Um luxo.
"De frente pro mar", de Alvaro, Victor de Souza e Jonas Felipe, é a segunda música do CD. É um samba animado e que fala de amor: "Esse amor é o que vai nos levar pro céu". Essas duas primeiras têm arranjos de Carlinhos 7 Cordas.
A terceira faixa é "Chuva no sertão", parceria de Alvaro com Gabrielzinho de Irajá, Pablo Macabu e Paulo Henrique. A música, que tem arranjos de Rafael dos Anjos, é um samba dolente. É calmo, mas não tanto quanto uma oração, embora este samba seja uma prece, um pedido a Deus. Ele diz: "Senhor, 'tão' querendo calar a nossa voz/Mas eu sei que o senhor luta por nós/Por favor, não me deixa sozinho/Tira as pedras do meu caminho/Numa prece desata esses nós".
"Estranhou o quê?" é a música que abriu portas para Nego Alvaro, como cantor, no mundo artístico. Ele a cantou no CD e DVD "Moacyr Luz e Samba do Trabalhador - ao vivo no Renascença Clube", gravado em 2012 e lançado em 2013. De ritmo marcante, a letra pergunta, em tom provocante: "Estranhou o quê?/Preto pode ter o mesmo que você".

É um canto de afirmação contra o racismo, e no disco de Nego Alvaro, ocupa a faixa de número 4.
Em seguida vem "Hino vira-lata". E na faixa 6 está "Marca registrada", de Alvaro, Sereno e Pablo Macabu. O música, inclusive conta com a participação de Rildo Hora, o maestro do samba, e Sereno, um dos imortais do Fundo de Quintal. É suave, bem no estilo das grandes composições que surgiram sob a tamarineira do Cacique de Ramos, o tradicional bloco que serviu de escola para Alvaro.
A música ensina: "Do fundo dos nossos quintais/Nasceram as mais ricas canções/E bem nos faz recordar de gerações em gerações/Ah.. o poder da canção/Nos deu o dom de encantar o mundo/É bom viver e cantar/É bom viver, recordar/É bom viver e cantar... pro mundo".


Na sequência, na sétima faixa, Nego Alvaro segue prestando tributo ao quintal no qual foi talhado, preparado para o bom samba. Ele gravou um pout-pourri com três músicas de bambas consagrados por lá: "Eu prefiro acreditar" (Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Marquinhos PQD), "A voz do Brasil" (Sombra, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila) e "Nascente da paz" (Sombrinha e Adilson Vitor).
A faixa 8 tem música e letra do artista. "Pra te encontrar" registra o desafio de um bamba apaixonado, que pensa em fazer de tudo para ter sua amada por perto: "Eu não sei o que fazer/Mas eu vou te conquistar/Nem que eu tenho que ser a luz mais bonita que o luar/Nem que eu tenho que ser o mais belo no pássaro no ar/Nem que eu tenho que ser um canto sublime e te encantar/Nem que eu tenho que ser um suave, doce paladar".
O samba "Tá querendo", na faixa 9, parceria de Alvaro com Marcelinho Moreira e Leandro Fab, esbanja a malemolência do bom malandro, a sabedoria do sambista que flerta com poesia. Veja só: "´Tá' querendo o que de mim?/'Tá' querendo/'Tá' querendo um dengo, eu dou/'Tá' querendo/'Tá' querendo um cheiro, Ó, flor/'Tá' querendo".
"Extra 2 (O rock do segurança)", de Gilberto Gil, é a décima faixa.
E a música que encerra o disco de Nego Alvaro é uma inédita de Moacyr Luz, "Circular", e remete ao subúrbio carioca, berço desse sambista de primeira. E esse samba, bastante sincopado, conta com a especialíssima participação de Mart'nália. A letra passeia pelo Rio, principalmente pelo miolo da Cidade Maravilhosa: "Carioca da Gema/A pé da Boca do  Mato/Na Vila da Penha/Bicão e Sumidouro/Travessa do Sereno, Sal/O Sentaí, atrás da Central/Tem Linha Amarela, na mão que desce à Maré/Largo da Cancela/No Mangue, no Tanque/No charme em Madureira/Estação Primeira".

Desfilando do samba dolente ao samba-rock, o disco de Nego Alvaro faz o ouvinte riscar o salão, seja dizendo no pé ou na palma da mão.






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